Carga industrial deve avançar no Rio com ampliação de Itaguaí

Carga industrial deve avançar no Rio com ampliação de Itaguaí

Setor reclama de impostos e de burocracia da vigilância sanitária

RIO - O Estado do Rio lidera o ranking nacional de cabotagem - transporte de mercadorias pelo mar dentro do próprio país - de produtos siderúrgicos e de derivados de petróleo, principalmente, os lubrificantes. Mas, no que se refere ao transporte de bens com maior valor agregado por contêineres, a situação não é tão boa. Segundo especialistas, no entanto, essa situação deve mudar com a ampliação do terminal Sepetiba Tecon, que a CSN faz no porto de Itaguaí.

A empresa está construindo um novo berço para atracação de navios; investindo em novos equipamentos de cais e de área de apoio; e implementando um sistema de agendamento para a retirada de cargas.

No Sepetiba Tecon, a cabotagem responde por 10% do volume movimentado e 5% da receita. Mas, o tráfego cresce em ritmo acelerado. A cabotagem avança, em média, 15% ao ano. Segundo a CSN, o recebimento de cargas de Manaus, sobretudo eletrônicos, é a rota que mais cresce no Estado do Rio.

A cada porto, uma inspeção

Apesar do forte crescimento, o setor reclama da falta de incentivos.

Segundo operadores e especialistas, a cabotagem poderia ser bem mais vigorosa no Brasil, retirando caminhões das estradas e trazendo ganhos de competitividade à economia brasileira. Uma das maiores queixas é sobre a disparidade entre os preços dos combustíveis para navios e caminhões. O abastecimento de navios na cabotagem é taxado com ICMS (em média 17%), enquanto as embarcações estrangeiras são isentas.

- E podemos dizer que o preço do diesel para caminhão é subsidiado, com esse deságio em relação ao dólar, o que nos coloca em situação desigual - diz Cleber Lucas, presidente da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac).

Outro problema que ainda persiste é a burocracia:
- O navio de cabotagem, a cada porto que chega, precisa passar pela vigilância sanitária. Isso faz sentido para a navegação de longo curso, quando o navio saiu há semanas de outros países, e não quando saiu há horas de outro porto nacional - afirma João Guilherme Mattos Eyer de Araújo, especialista do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos)
O setor sofreu um revés recentemente com o anúncio, em novembro, do fim das operações da Maestra, armadora de cabotagem da Triunfo. A decisão se deveu à necessidade do grupo de focar em novos empreendimentos, como a concessão de rodovias, onde a Triunfo é um dos seis grandes operadores nacionais.

- Mas isso não é um problema, as outras três operadoras do país já se comprometeram a aumentar a oferta e suprir o espaço da Maestra, o mercado não vai perder - diz Gustavo Costa, gerente de cabotagem da Aliança Navegação e Logística.

BRF abre fábrica em Pernambuco de olho em Suape

Mesmo sem portos dedicados à cabotagem, o segmento entrou no radar dos empresários brasileiros. A BRF, por exemplo, inaugurou em meados de dezembro uma fábrica de margarinas em Vitória de Santo Antão, a 50 quilômetros de Recife (PE). Com investimentos de R$ 150 milhões, o grupo escolheu a cidade por sua proximidade ao Porto de Suape, que favorece o recebimento de matéria-prima e o envio de produtos por cabotagem.

Os portos, por sua vez, começam a dedicar cada vez mais atenção para o setor. Patrício Júnior, presidente do Porto Itapoá (SC), espera que a cabotagem, que hoje representa de 10% a 15% do movimento do porto, chegue a 30% do tráfego em cinco anos:

- Cabe tudo dentro do contêiner, sua movimentação é mais eficiente e cada vez mais empresas de diversos setores e tamanhos estão se planejando para utilizar os navios. Os empresários se deram conta das vantagens da cabotagem, agora precisam apenas de planejamento - disse.



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